Estudo: Incidence and factors associated with cardiac arrest complicating emergency airway management
-> Incidência e fatores associados a parada cardíaca complicando o manejo da via aérea na emergência
Quem: Alan C. Heffner a,b,∗, Douglas S. Swords b, Marcy N. Neale c, Alan E. Jonesb, d
a Division of Critical Care Medicine, Department of Internal Medicine, Carolinas Medical Center, Charlotte, NC, United States
b Department of Emergency Medicine, Carolinas Medical Center, Charlotte, NC, United States
c Dickson Institute for Health Studies, Carolinas HealthCare System, University of Mississippi Medical Center, Jackson, MS, United States d Department of Emergency Medicine, University of Mississippi Medical Center, Jackson, MS, United States
Publicado em: Resuscitation
Introdução: O manejo da via aérea é um procedimento importante e definidor de cuidados a pacientes críticos. Intubação de sequência rápida se tornou a modalidade de escolha para facilitar a intubação no cenário da emergência. A segurança e a eficácia da ISR foi bem comprovada, porém complicações e dificuldades ainda acontecem nas situações de emergência. Imediatamente: falha para realizar o procedimento, intubaçao esófago, broncoaspiraçao, hipoxemia, são comumente relatados. Hipotensão está cada vez mais sendo reconhecida como uma complicação comum associada independentemente com aumento de morbidade e mortalidade. E a parada cardíaca sendo uma complicação reconhecida, ainda é pouco estudada como complicação consequente a ISR.
Este estudo foi realizado para identificar a incidência e os fatores clínicos associados com PCR peri-intubaçao durante o manejo da via aérea na emergência.
Métodos: Análise de dados de prontuários (estudo retrospectivo)
Selecionados:
-> Adultos que sofreram intubação orotraqueal na ausência de parada cardíaca
Exclusão:
-> Já entubados previamente da chegada ao departamento de emergência ou se estivessem em parada cardíaca
Os pacientes foram divididos em dois grupos: os que apresentaram PCR e os que não apresentaram PCR após o início do manejo da via aérea.
PCR peri-intubaçao foi definida como aquela que ocorreu em até 6ominutos após o início do manejo da via aérea
PCR precoce quando ocorreu em menos de 10 minutos.
Hipotensão pré-intubaçao foi definida como qualquer PAS < 90mmHg ou a necessidade de vasopressor até 30 minutos antes de começar o procedimento
O Índice de Choque foi definido pela divisão FC/PAS
PCR | OD | ||
Hipotensão | 9/0074 | (12%; 95% CI: 6–22%) | (p < 0.002) |
Sem hipotensão | 8/0300 | (3%; 95% CI: 1–5%) | |
PCR imediatamente | |||
PAS < 90mmHg | 3/0038 | (8%; 95% CI: 2–22%) |
Discussão: Os resultados mostraram que a PCR é relativamente uma complicação grave comum (4.2%) no manejo da via aérea na emergência.
O achado de PCR em 12% dos pacientes que se apresentam hipotensão até 30 minutos antes da intubaçao esclarece a necessidade da adequada estabilização do paciente para o procedimento.
O IC > 0.9 teve relação independente com PCR. (Limitado dados)
A hipoxemia (sat < 92%) esteve mais presente nos pacientes que sofrerem PCR, porém não teve associação independente estatisticamente.
O peso do paciente também teve associação independente com PCR (com aumento de 1.37 em risco para cada 10kg de aumento no peso)
Conclusão: Nesse estudo, 1 em cada 25 intubações foi associada a PCR. PCR peri-intubaçao é associado a 14vezes em aumento no risco de mortalidade intra-hospitalar. Nesse estudo, podemos observar uma relação entre hipotensão antes da intubaçao e PCR peri-intubaçao.
Dicas: (A estatística é linda!)
Estudo de coorte: Estudos apropriados para responder a questões sobre associação de fatores de risco e determinada doença ao longo do tempo. São estudos considerados analíticos observacionais, em que o pesquisador define dois ou mais grupos de indivíduos livres de fator de exposição e outro grupo com a exposição a ser estudada. Assim os estudos de coorte descrevem a incidência de determinada doença e avaliam as associações desses resultados com os preditores.
O que significa p< 00,5? Este representa a probabilidade de que uma diferença (sempre há uma diferença, mesmo que mínima) observada entre grupos seja decorrente do acaso. Então, se a mortalidade do grupo droga foi 11.5% e a mortalidade do grupo placebo foi 12.3%, podemos dizer que houve redução de mortalidade com o uso da droga? Precisamos olhar o valor de P. Imaginem que este foi descrito como P = 0.04. O que isso significa? Isso indica que a probabilidade dessa diferença ter sido obra do acaso é 4%. Como interpretar?
Considera-se que deve haver uma probabilidade do acaso pequena o suficiente para que nos despreocupemos com esta questão. E pequena o suficiente é definida cientificamente como algo menor do que 5%. Desta forma, uma probabilidade menor que 5% (P < 0.05) é suficientemente desprezível para descartar o acaso. Assim, interpretamos que de fato nossa amostra está indicando o que ocorre no universo, ou seja, a droga reduz mortalidade. (2)
REFERÊNCIAS:
(1) Heffner AC et al. Incidence and Factors Associated with Cardiac Arrest Complicating Emergency Airway management. Resuscitation 2013. PMID: 23911630
(2) Blog: MBE Medicina Baseada em evidencias, post: Por que Precisamos de Estatística?, por Luis Correia https://medicinabaseadaemevidencias.blogspot.com/2011/08/porque-precisamos-de-estatistica.html