âPseudoconvulsĂŁoâ
NĂŁo Ă© incomum chegar ao Departamento de EmergĂȘncia (DE) pacientes com quadro sugestivo de crise convulsiva e vocĂȘ sentir dĂșvida. Ăs vezes, por um âinstinto”, principalmente depois que assistimos vĂĄrias crises convulsivas verdadeiras, sabemos que se trata de algo diferente.Â
Assim como, podemos nos sentir incomodados ao atender esses pacientes, por aversĂŁo ao paciente com desordens psicogĂȘnicas. Muitas vezes por auto-identificação.Â
Atender pacientes com personalidade histriĂŽnica pode ser muito cansativo, chato, e consume tempo e energia. Mas nĂŁo quer dizer que esses pacientes nĂŁo estĂŁo doentes e por apresentarem sintomas de forma tĂŁo inespecĂficas, exigem atenção redobrada.
VocĂȘ precisa se treinar para superar essa dificuldade.
Do mesmo jeito que a falta de atenção nessas situaçÔes pode levar a excesso de procedimentos invasivos desnecessårios que podem colocar o paciente em risco, ao invés de ajudå-lo.
Com cuidado, atenção e respeito, muitas vezes conseguimos tranquilizar a famĂlia e o prĂłprio doente, ao reconhecer nele uma desordem involuntĂĄria. Eles tambĂ©m sofrem com preconceito, dificultando mais ainda o diagnĂłstico.Â
â Pacientes em crise convulsiva psicogĂȘnica nĂŁo-epilepticas estĂŁo fingindo?
Esse Ă© um quadro de sĂndrome conversiva: uma manifestação inconsciente de um trauma psicolĂłgico.
- Podem ser tratadas com haloperidol ou olanzapina por se tratar de um quadro psicolĂłgico, e nĂŁo uma epilepsia verdadeira
* NĂO Ă© fingimento ou mentira!
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đđœ Desafios:
* Esses pacientes também podem ter convulsÔes epilépticas verdadeiras
* Muitas vezes sĂł Ă© possĂvel diferenciar as duas condiçÔes com EEG, e pela avaliação do neurologista, podendo levar dias a meses ou anos para um diagnĂłstico conclusivo
đ€ Como diferenciar mal epilĂ©tico de crise convulsiva psicogĂȘnica nĂŁo-epilĂ©ptica de fingimento?
â ïž Crise convulsiva psicogĂȘnica nĂŁo-epilĂ©pticaÂ
* ConvulsĂŁo desencadeada com estĂmulos especĂficos (alimentos sonoros, algum movimento do corpo, etc)
* FrequĂȘncia e amplificação dos movimentos: mantĂ©m a mesma frequĂȘncia durante toda a crise e apresenta variação da amplitude
* Mantem a consciĂȘncia durante a crise e:
    * Podem proteger o rosto quando soltamos o braço de forma passiva na direção do rosto
    * Apresentar resistĂȘncia para abrir o olho
    * Olhar fixo ao confrontar um espelho
    * Whit Fisher, Dr Procedurettes, espirra ågua no rosto do paciente quando hå suspeita de pseudocrise. Se o paciente fizer careta, provavelmente não é uma crise epiléptica.
â ïžCrises falsas
* Falar durante o evento
* Movimentos propositais
* Evitar injĂșria
* Podem usar os movimentos das convulsÔes como forma de machucar a equipe
* Acordar e falar de forma intermitente durante a crise
â ïžCrise convulsiva
* A frequĂȘncia da convulsĂŁo vai diminuindo e a amplitude vai aumentando conforme a crise progride
* NĂŁo responde a dor
* Permite abertura ocular passiva
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đšđš Em 2010 um artigo do Journal of Neurology Neurosurgery and Psychiatry evidenciou outros elementos que podem ajudar a diferenciar a ConvulsĂŁo psicogĂȘnica nĂŁo-epilĂ©ptica da crise epilĂ©ptica verdadeira:Â
* Duração por mais de 2 minutos sugere pseudocrise, mas todos nós jå vimos que convulsÔes epilépticas duram muito tempo, status, e algumas pseudocrises podem ser super curtas
* Durante o sono. EvidĂȘncias sugerem que, se o evento acontece durante o sono, provavelmente Ă© uma crise convulsiva. EpisĂłdios de pseudocrise acontecem quando acordados
* Curso flutuante, como uma pausa no movimento rĂtmico, convulsĂ”es epilĂ©pticas geralmente nĂŁo param e depois reiniciam, uma pausa favorece a pseudocrise
* Agitação. VocĂȘ pode achar que o paciente agitado tem pseudocrise , com certeza, porque na epilepsia o paciente nĂŁo fica agitado, mas acontece! Ă muito mais comum na pseudocrise, mas nĂŁo a ponto de ser Ă© um claro fator distintivo.
* IncontinĂȘncia urinĂĄria, mais comum na epilepsia, mas acontece no crise convulsiva nĂŁo epilĂ©ptica.
* PerĂodo de recuperação pĂłs-ictal. Certamente, esta Ă© a condição sine qua non da epilepsia. Ă muito mais comum apĂłs convulsĂ”es epilĂ©pticas generalizadas, mas ocorre em torno de 15% da crise convulsiva nĂŁo-epilĂ©ptica.
* A respiração estertorosa (barulhenta, trabalhada) que vemos apĂłs crises epilĂ©pticas tĂŽnico-clĂŽnicas generalizadas sugere epilepsia e nĂŁo Ă© uma caracterĂstica da crise convulsiva nĂŁo epilĂ©ptica
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đšđš PONTOS CHAVES:
* Pacientes com crise convulsiva nĂŁo epilĂ©pticas NĂO estĂŁo fingindo
* à uma condição real! Só não é epilepsia!
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Tradução livre de: http://blog.ercast.org/pseudoseizures-pnes/
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References
Chen, David K., and W. Curt LaFrance Jr. âDiagnosis and treatment of nonepileptic seizures.â CONTINUUM: Lifelong Learning in Neurology 22.1, Epilepsy (2016): 116-131. PMID:26844733
Avbersek, Andreja, and Sanjay Sisodiya. âDoes the primary literature provide support for clinical signs used to distinguish psychogenic nonepileptic seizures from epileptic seizures?.â Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry 81.7 (2010): 719-725.Full Text PMID:20581136Â
Shen, Wayne, Elizabeth S. Bowman, and Omkar N. Markand. âPresenting the diagnosis of pseudoseizure.â Neurology 40.5 (1990): 756-756. Full Text PMID:2330101
Ătimo artigo deu pra tirar algumas dĂșvidas gostaria de mais artigos como este.